joão miguel ♛

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Inocência

Percorres as mais sombrias ruas em busca do produto desejado. Vagueias diante da noite sombria sem pressas, descalça sobre o chão frio que consome a imensa vontade de continuar caminho, cais e ninguém dá por isso, o sangue escorre a calçada já de si sangrenta, o doce aroma paira na suave aragem que surge no beco, o ruído ensurdecedor de asas a bater na noite escura assusta a tua inocente alma, o teu corpo embalado no vazio, irradia insegurança, os teus olhos penetram a escuridão a meio de alcançar o mais insignificante vulto, no silêncio aterrador sobressai os batimentos descompassados de um indefeso coração que é abafado pelas rajadas de vento camuflando a perda de vida. Seus longos cabelos, são deitados sobre a estrada, de olhos cobertos de lágrimas, soltando um ultimo suspiro, é o fim de uma curta miragem, de uma pequena vida.

terça-feira, 20 de setembro de 2011

Uma estrada curva, ou até de altos e baixos, a estrada que a vida constrói e a estrada que a vida desfaz, aquela que todos seguimos, mas que repetidas vezes caímos e outras tantas nos levantamos, somos tentados a repetir vezes sem conta, vagueado na suave brisa, sem saber o seu fim ou até mesmo o que se espera na próxima curva, por vezes torna-se sombria, outras iluminadas demais, uma estrada suja ou até suave demais, sairemos vivos de uma estrada sem fim? A estrada que te guiará para sempre no futuro constantemente próximo, que nem te lembrarás que existe. Enfim, vamos descobrindo os vários cantos da velha estrada, a estrada da vida.

sábado, 17 de setembro de 2011

Será no futuro razoavelmente próximo que pegarei fogo no imenso manto de promessas em que ambos colaborámos, rasgando as variadas fotografias numa lentidão imensa, a meio de ir sofrendo á medida que o som do papel me penetra os ouvidos e esconde o silêncio causado pela ausência das tuas palavras. Á medida que o tempo passa vou ficando sem recordações ás quais me possa agarrar com a intenção de ganhar força, os nossos dedos entrelaçados começaram a escorregar por entre o suor da aflição de perda que se proporcionou entre nós, numa rapidez enorme, já mal conseguia ouvir a tua voz, ganhava a maior distância que alguma vez imaginei, agora não eram só separados dois corpos, mas também dois corações. Incrível aparição de que ainda voltaria ver-te correr na minha direcção, onde estaria eu no teu ponto de chegada de braços abertos, pronto a amparar qualquer queda, desgraçada esperança que tinha de ainda te ouvir dizer que me amas, de ainda te ver sorrir para mim e de sem quaisquer dificuldades os nossos dedos se voltassem a entrelaçar perante a imensa multidão de olhos postos em algo diferente. Não consigo dizer ‘adeus’ sem olhar para trás, agora mais que nunca as tuas doces palavras penetram-me os ouvidos repetitivamente como uma assombração, o teu cheiro voltou a interferir na breve aragem trazida pela maresia e o teu gosto? Hum, esse tornou-se o veneno mais desejado pela minha boca. Tornou-se desesperante a espera, mas não resisto a pedir que voltes, não me vejo sem o beijo que ardeu repetidamente entre o calor dos nossos corpos e a tua mão apoiada no que dizias ser teu.

terça-feira, 13 de setembro de 2011

A ansiedade de te tocar leva-me ao delírio de te ter, dono de um egoísmo fatal, lutarei para todo o sempre de punho fechado sobre o coração, num gesto de honra para uns, de orgulho para outros, de respeito para mim. Dito ser impossível amar quando dois corpos são separados pela distância, erguemo-nos nós perante a imensa multidão de ignorantes que nos observam de olhos bem fixos em todas as pequenas acções que nos apresentam aos poucos, como sendo dois seres humanos possuidores de um força incrível, damos a conhecer ás diferentes gerações de hoje o significado de ‘verdadeiro amor’, cujo significado á muito foi destorcido pelas bocas dos inumanos, que distorcem a mente dos frágeis. Demonstrando aos ignorantes, ensinando aos frágeis, aprendendo a lutar, assim estou eu, mais uma vez na ansiedade de te poder dizer o que sinto, elevando o ritmo de cada inocente coração que nos observe e até mesmo dois corações lutadores que presenciam todo o amor que é transmitido pela simples pequena troca de olhares.

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Não deixaste argumentos, esboças-te um sorriso e encarnas-te a desistência dizendo ser o melhor para ambos, temo que te tenhas enganado, mais uma vez. Abalas com meras palavras que me recordam tudo o que um dia vivemos, acabo por sair derrotado, destroçado por tudo o que lutei, por tudo o que consegui, agora, ser resumido num nada. Já não tenho hipóteses? É desta que todas as nossas promessas são quebradas? É desta que vais cumprir a tua palavra de desistente? Não pretendia isto tão cedo, depois de termos enunciado o melhor dia das nossas vidas á tão pouco tempo, foi duro saber que conseguiste virar costas a tudo isso com tamanha facilidade. Num rasgo de inocência continuo com um fio de esperança pendente no coração que me leva a tentar de novo, mas devo? Devo ser egoísta a ponto de desejar um fim em algo transmissor de uma força incrível? Permaneço de mão estendida, vendo-te partir numa direcção completamente oposta, foco o olhar na realidade, vendo o teu ser focado num outro objectivo. Tu já não lutas, eu já não consigo, tu já não choras, eu já me afoguei, tu já sorris de novo, eu já vejo a escuridão. Deixas-te o silêncio, eu deixei um mar de inseguranças que aos poucos tomam a forma do tão temido, ‘fim’.

domingo, 11 de setembro de 2011

DIA 9/10 - o pior dia da tua vida/o melhor dia da tua vida;


Chama-lhe promessas, chama-lhe desejos, mas para mim são os pedidos mais sinceros que o meu coração ainda consegue gritar, numa linha invisível o destino coseu dois corpos como se de uns trapos se tratassem, uniu dois lábios numa demonstração de carinho, misturou dois cheiros distintos, entrelaçou duas mãos num movimento quase perfeito. Éramos só nós, trancados entre quatro ridículas paredes, éramos só nós, num presente garantido, éramos só nós, na maior luta de um amor quase impossível. Não resisti, viraste costas e abracei-te para garantir que estavas a minha frente, sussurrei-te o mais lindo ‘amo-te’ de sempre somente para ouvir a tua voz, viraste-te e o teu olhar transmitiu um grande sentimento, aproximas-te devagar e eu sem aguentar esperar mais apaguei a distancia entre nós e criámos a perfeição. O tempo voou enquanto nós íamos cumprindo todas as mensagens trocadas no passado, sem desperdiçar um único segundo íamos descobrindo a perfeição na junção do nosso amor mutuo. O tempo ia passando e sem esperar-mos um toque moderno ecoou uma magnifica melodia, mas a voz do outro alguém do outro lado não trazia boas noticias, estava na hora, o tempo acabou, tínhamos de dizer adeus, saímos porta fora sempre de mãos dadas sem sequer ligar ás varias gerações sentadas em bancos numa de socializar que nos ficaram olhando, corremos juntos até não aguentarmos mais, mas fui obrigado, a soltar-te, a levantar uma mão no ar num significado de adeus e fiquei vendo o teu ser afastar cada vez mais e mais e mais (…) hoje, só uma coisa permanece, o teu cheiro entranhado no meu nariz, a tua voz a ecoar-me repetidamente nos meus ouvidos e o teu sabor insistentemente na minha boca.

domingo, 4 de setembro de 2011

Escravo do Coração


Deixo de acreditar em mim a cada tentativa falhada, a cada lágrima derramada, a cada sorriso forçado, a cada movimento fraquejado, deixando o meu ser aos poucos, a minha alma permanece trancada num compartimento sem entrada nem saída. Vagueio na nostalgia sem princípio nem fim, apagada pelos fragmentos que me pertencem mas que sem mais nem menos, sumiram. Escuto com atenção o mínimo ruído causado pelo silêncio de uma sala aparentemente vazia que me informa de seres apenas um conhecido, ok, não acredito, tenho uma voz que me fala mais alto, és tu? Mas como…estilhacei-te e mesmo assim consegues falar mais alto, tens mais força que todos, projectas a verdade sem medos, não entendo, vens do mais interior possível, ouvi falar de ti mas nunca te dei ouvidos. Como consegues lutar quando já nada em mim tem força? Bombardeias energia para todo o meu ser, mas não! Não quero dar-te ouvidos, não quero sofrer mais, não quero continuar a luta, por favor, deixa-me desistir, deixa-me conseguir secar as lágrimas que á dias me escorrem pela face, deixa-me descansar de novo… não me faças erguer na grande batalhada que tu causaste e que me fizeste tornar teu guerreiro, ou teu escravo, escravo do coração que luta por amor, refém da tua negligência que me deixa ir abaixo com golpes de crueldade causados por seres mais fortes que tu, deixa-me viver, deixa-me ser eu, deixa-me ser eu a fazer a minha própria batalha e reunir as forças para sair vitorioso sem que possa sentir dor uma única vez, prometo que farei de ti o ser que me comanda.

sábado, 3 de setembro de 2011

Se amas, luta!

Não sei como é possível existirem pessoas capazes de pronunciar as mais fortes palavras sem saberem o impacto que estas podem causar nas pessoas que esbarram com a sua força. Sem prática alguma falam do amor como se de um jogo não passasse, és para mim tratado abaixo da ignorância quando dizes que me amas e no fundo não queres nem saber de como foi o meu dia. Enfrenta-me na minha maior arma, diz que me amas nos olhos sem desviares a atenção, profere aquela palavra que te costumas digitar com naturalidade sem fraquejares, sem teres medo de a dizer cara a cara, escuta no vento os batimentos leves do meu coração e repara se sinto o mesmo, tenta perceber se eu também o quero sem que tenha de te enunciar uma resposta, resposta essa que te leve a ficares minimamente abalado, mas já reparaste que o meu corpo ficou indiferente, que o compasso ritmado das pulsações do sangue que o meu coração transmite não acelarou, reparas-te que foi uma negação visível no meu ser, resta-me somente perceber o que realmente queres, o que realmente sentes, se é assim tão real como me levas a acreditar então ergue-te com o objectivo de me possuíres, cá eu aprendi a lutar por aquilo que gosto, mas por aquilo que amo, dou a vida! Se amas, luta!