joão miguel ♛

sábado, 17 de setembro de 2011

Será no futuro razoavelmente próximo que pegarei fogo no imenso manto de promessas em que ambos colaborámos, rasgando as variadas fotografias numa lentidão imensa, a meio de ir sofrendo á medida que o som do papel me penetra os ouvidos e esconde o silêncio causado pela ausência das tuas palavras. Á medida que o tempo passa vou ficando sem recordações ás quais me possa agarrar com a intenção de ganhar força, os nossos dedos entrelaçados começaram a escorregar por entre o suor da aflição de perda que se proporcionou entre nós, numa rapidez enorme, já mal conseguia ouvir a tua voz, ganhava a maior distância que alguma vez imaginei, agora não eram só separados dois corpos, mas também dois corações. Incrível aparição de que ainda voltaria ver-te correr na minha direcção, onde estaria eu no teu ponto de chegada de braços abertos, pronto a amparar qualquer queda, desgraçada esperança que tinha de ainda te ouvir dizer que me amas, de ainda te ver sorrir para mim e de sem quaisquer dificuldades os nossos dedos se voltassem a entrelaçar perante a imensa multidão de olhos postos em algo diferente. Não consigo dizer ‘adeus’ sem olhar para trás, agora mais que nunca as tuas doces palavras penetram-me os ouvidos repetitivamente como uma assombração, o teu cheiro voltou a interferir na breve aragem trazida pela maresia e o teu gosto? Hum, esse tornou-se o veneno mais desejado pela minha boca. Tornou-se desesperante a espera, mas não resisto a pedir que voltes, não me vejo sem o beijo que ardeu repetidamente entre o calor dos nossos corpos e a tua mão apoiada no que dizias ser teu.

1 comentário: