joão miguel ♛

quarta-feira, 26 de setembro de 2012


Estava mais que feito

A chuva acalmou por hoje. Estou cansado, levantei-me cedo e o dia ainda não acabou. Sinto a tua falta como se de um vício te tratasses. Os trabalhos de casa são imensos e a vontade é nenhuma, não consigo pensar quando o meu coração me recorda o teu nome a cada palavra que pronuncio. Escusado será dizer que te amo tanto ou mais como da primeira vez que falámos e que hoje és mais importante do que já alguma vez foste, e que com tamanha importância faço de tuas palavras minhas, " Como a Lua sente falta do Sol a meio da noite, eu sinto a tua. "

O frio cobre-me como se de uma manta se tratasse, tenho os pés gelados e contínuo sem saber notícias tuas, deves estar a estudar como quem consome informação por prazer. Já não consigo sequer fazer algo sem ti e te garanto que o meu medo é muito mais do que somente nós, tenho mais medo do que nos separa. Destes malditos caminhos que parecem não ter fim até ao momento em que os nossos gélidos corpos se tocam novamente. A música alta leva-me a um tremendo jogo de ping-pong entre ti e a maldita letra que me preenche e aconchega os ouvidos. Sinto que tudo o que te digo já te disse, ou somente que o irei dizer numa altura merecedora de tal facto, só que a duvida de não haver amanhã assusta-me e leva-me a dizer tudo sem virgulas. Mas sabes, agora posso suspirar um “finalmente” e espero um dia poder também dizer o quanto te amo sem estradas de traço continuo que nos obrigam a permanecer separados.

O tempo fez por si só aquilo que por nós já estava mais que feito.

quarta-feira, 12 de setembro de 2012




« O nosso Filme »

Saí do café e estava, como habitualmente, a chover, mas desta vez chovia de uma maneira fria, como se juntassem a chuva à minha dor. Soube-me bem aquecer o coração quando a tua ausência se transformava na ânsia de te tocar novamente, mesmo sabendo ser impossível, mesmo sabendo que já não querias saber de mim. Estava sozinho naquele dia cinzento ausente das nossas memórias, sentindo o coração bater calmamente no meu peito. Atravessei a estrada de terra batida e vi um casal feliz do outro lado '' será que alguma vez terei assim alguém'' pensei enquanto limpava uma lágrima no canto do olho. Trocavam olhares como quem troca beijos, beijavam-se sendo quase possível ver o amor que os abraçava e a saudade voltou a controlar-me, ultimamente só pensava em ti. Tu que agora seguias naturalmente com a tua vida e eu que deveria conseguir seguir com a minha. Mas não, cada vez que punha os fones nos ouvidos e ouvia uma melodia mais triste, o teu nome invadia os meus pensamentos. O caminho de terra batida levou-me para uma casa abandonada, feita de pedra. ''Aposto que grandes amores viveram aqui'', e pensava de novo em ti. Olhei o horizonte e observei o sol a pôr-se, calmamente, enquanto a noite ocupava o seu magnífico lugar. Estava longe do meu querido aposento e sinceramente não fazia grandes intenções de voltar a correr. A noite estava calma, e dentro da casa existiam diversos quadros. Famílias. Casais. Crianças. Recordações. Lá estava eu de novo a pensar em ti. Começou a chover e comecei a sentir o frio a congelar-me os ossos. Sentia-te longe, sentia saudades do teu corpo a aquecer o meu. Olhei de novo o horizonte escuro e relembrei o dia em que a meio da noite te abracei, fazendo com que nunca me deixasses, mas não foi isso que aconteceu. Esperava continuar-te vendo correr até ao encontro dos nossos lábios e em vez disso vejo-te correr para os braços de outro alguém. Será normal tal desespero? Seria a isto que chamavam de amor? Abracei o vento e soltei uma lágrima. Estava cansado, sentia as pernas a cair gradualmente, mas mesmo assim continuei a andar para o desconhecido. Doía-me o coração, como se me espetassem uma faca nele, tinha a boca a saber-me a veneno e a única coisa que queria era sentir o teu abraço, o teu beijo. Não queria sonhar contigo, queria fazer os meus sonhos realidade e vivê-los contigo. Será que é pedir muito? Peço à lua e ao teu orgulho, peço que rompas da imensa escuridão quando eu não esperar e que me beijes como se não houvesse amanhã, por favor, vem e não vás, não me deixes sobre o céu escuro que me assola o medo, protege-me como só tu o sabes fazer. Mas só sabia pensar em ti. Tu, tu, tu, a segunda pessoa do singular ocupava-me a cabeça. Sentei-me numa pedra do lado direito da estrada e fitei a lua. Lembrei-me do dia em que passeámos ao luar no jardim de tua casa, quando me aconchegas-te nos teus braços e me beijas-te o pescoço enquanto eu olhava a lua, a única presente que assistia ao nosso filme de amor. Um romance sem fim que ainda poderia ter muito para dar se não fosse a maldita distância que sempre se lembra de intrometer quando tudo corre às mil maravilhas, mas se todo o filme tem um final feliz, porque não haveria o nosso de ter? E é esse final que eu espero tão ansiosamente.

Escrito com Mauro Santos http://umahistoriaaluzdasvelas.blogspot.com

domingo, 9 de setembro de 2012



« Era uma vez... »

Era uma vez eu e tu, o sol e a lua, o mar e a terra, a perfeição e a desilusão, era uma vez nós. Nós que somos derrubados mesmo lutando de espada erguida e coroa no mais alto orgulho, onde reza a lenda sermos dignos de tamanho coração já alguma vez visto, destinados a lutar lado a lado. (…) E é do cimo da mais alta montanha que se avistam os piores inimigos, destruindo tudo o que os rodeia até chegar à mais profunda ferida de uma nobre aldeia, de um pobre povo, de um desmazelado corpo. Mesmo assim continuarei sendo o rei do orgulho, prisioneiro de mim mesmo, não deixarei que me afetes, nem mesmo se proferires perdão com a mais digna promessa, não deixarei que me derrubes como sei que és capaz de o fazer porque quero estar aqui para ser eu a ajudar-te a levantar quando a mais forte aragem de problemas te deitar ao chão. Quero ser eu o teu futuro e o teu escudo, quero ser eu digno de tamanha promessa que seja impossível de cumprir, e depois quero ser eu a mostrar-te que sou capaz de tudo para a tornar tão realidade quanto o amor que nutro por ti. Perdão das vezes que te magoei e das noites em que te deixei entre essas quatro paredes sem notícias minhas, sem o meu toque e o meu beijo, a minha palavra e o meu desejo de te possuir. E perdoa-me também voltar sem avisar, mas não sou capaz de deixar arrefecer o lugar na cama e o sítio onde costumo erguer a espada, voltarei sempre para te ajudar a derrubar o terrível mundo que me nos separa anos a fio e sei que mais tarde ou mais cedo derrubarás o meu orgulho sem que dês por isso. E então, era uma vez...