joão miguel ♛

sábado, 28 de janeiro de 2012

 « Boneco sem sentimento, Humano sem dono. »
Prazer, é envolto em sentimentos que a maior das artes é construída, é preciso viver-se para se saber o que realmente é lindo de se ver. Sou rei da estupidez, sois minha cobarde cobaia, ou espera, os papeis não teriam sido invertidos? Sou eu o grande fantoche, sois vós a tão poderosa. E como se não fosse habitual, venho como fantoche reclamar a ironia da vida. Sou enorme, tão enorme que mal me consegues ver. Apesar de boneco, o meu sentimento é tão grande que nem sei como defini-lo. Apesar de poderosa, és ainda mais pequena que eu. Sois tão pequena, tão pequena, que já não te reconheço. Quem me governa, tem uma forma engraçada, mas agora odeio-o, pôs-me, vejam lá vocês, horas a fio sentado num banco, mas pronto, seja dito que o jardim diante dos meus olhos que nada vêm era até bem engraçadito, mas fartei, estava ali à tanto tempo que me enjoava a felicidade de todas as inocentes crianças a brincar, ou até a mais ignorante pessoa mais atarefada daquele enorme jardim. Sendo boneco não devia ter sentimentos, sendo humano, não devia ter dono. O certo é que me irritou de tal forma que até a mais linda melodia que me enchia de felicidade, naquele momento me desfez em lágrimas, me possuiu em raiva tamanha que me virei  « sois meu dono, não sou eu teu escravo. » Deixei então para trás o papel de grande fantoche, sabeis quem sou eu agora? Sou director em grandes filmes, sou vós mais que tudo, e tenho uma triste notícia, estás despedida.

quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

 Chamadas Perdidas 3#
« uff, acabou-se a tortura. » pensei mal o dia começou, mas estava enganado, para variar, ainda agora começara o enigmático destino que a cada minuto me colocava tamanha questão envolvente de um desafio impossível de determinar, ou sequer de ser concretizado frente ás tuas chamadas perdidas. Mas espera, não eram questões, não eram desafios, eram chamadas, era amor, era medo, era eu frente á mais pura das ignorâncias e tu de coroa na cabeça. (…) « vou desabafar…nem que seja com as paredes. » Pensei quando o toque final soou ao longo do imenso corredor branco que me arrepiava desde o primeiro dia de aula e a professora numa espera irritante finalmente proferiu « podem sair, bom fim de semana. », corri, não olhei sequer para trás, puxei dos auscultadores que me acolheram os ouvidos, aconchegando a imensa melodia tão cuidadosa que me acariciava noites afim. Envolvi-me em nostalgia, enchi-me de música arrebatadora e de sentimentos alheios, fechei os olhos e a primeira lágrima correu no preciso momento que o telemóvel despertou num entusiasmo enorme, agarrei-o e a vista desfocada não me fez sequer rodeios, eras tu, hesitei uma vez, hesitei duas vezes, hesitei três vezes e não resisti. « estou ? », « hey.. » ouvi, automaticamente o coração aqueceu como a muito não sentia, limpei as malditas lágrimas, « sim, amor? Fala. » e foi então que as memórias das antigas chamadas perdidas voltaram e o silencio fez-se sentir numa intensidade constrangedora que me encharcou as maças do rosto, « eu amo-te », sussurrei. Mas tu nada dizias, nada acrescentavas, nada apaziguavas. E eu, estava de coração coberto de angustia, reflectindo a alma através dos olhos.(…) Rainha da ignorânica, projecto de princesa, treinada para ser senhora, pusestes o teu trabalho em pratica numa voz serena de mulher, numa calma que me irritava, numa confiança que me deixava estupefacto, a que te resumiste a um mero ‘adeus.’, e novamente seguido do ‘pi pi pi’, sinal de chamada perdida.

sábado, 21 de janeiro de 2012


« Sua Alteza. »
Dono de si mesmo. Vestido de orgulho, despido de lágrimas. Feito em ciúmes, desfeito em feitos. Inimigo da fama, aliado do poder. Pé ante pé, rumo ao maior dos palácios, destinado ao pior dos destinos alguma vez traçados. Vestido de alta-costura, queixo erguido sob a linha do horizonte, as pernas vão cedendo á medida que a porta do palácio se avista tão pormenorizadamente, quanto a linha das palmas das suas mãos cobertas de terra. Amante do desafio, galanteador do medo, os caracóis de oiro são expostos ao maior dos duelos. Erguido diante do portão principal, eleva todo o suor envolto em sangue sobre o peito, enxaguado da cabeça aos pés de sabedoria, os seus olhos ofuscam raiva, o seu sorriso é muito mais que espelho da ironia, a respiração confiante e a coroa sob o orgulho, não enganam, « Seja bem vindo, sua alteza. ».

segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

CHAMADAS PERDIDAS 2#
O dia ia passando e quanto mais passava mais incomodado ficava. O tempo não corria na mesma leve e harmoniosa rapidez habitual, em vez disso o ponteiro parecia pesado, como se nada nem ninguém o fizesse mover daquelas malditas dezassete horas e quarenta e picos. Lá fora a noite começava a pôr-se e com a noite vinha o frio aliado da imensa chuva que estava pronta a encharcar-me como se não houvesse amanha e eu, nada podia fazer a não ser aguardar a estúpida chamada perdida de volta. (…) São neste preciso momento, vinte e três horas e dezoito minutos, sabes o que significa? Está na maldita hora do último cigarro do dia, do último bafo na imensa solidão e culpa a que sempre me habituas-te. (…) O barulho da persiana a correr fez-me uma tremenda confusão de que nem tu fazes ideia, abri a janela e o vento frio acariciou-se as faces quentes, beijou-me as maças do rosto, penteou-me o cabelo com tamanha suavidade, que quase me deixei embalar pensando seres tu. O cigarro ia sendo comido pela imensa aragem, enquanto a lua era reflectida no ecrã do telemóvel que aguardava a chamada viciante de todas as malditas noites… Foi precisamente quando esbocei um sorriso de indiferença e os lábios alcançaram o denso fumo do cigarro, que a luz do telemóvel piscou incansavelmente, eras tu, era finalmente a chamada perdida que aguardara todo o dia, « estou, amor? Fala comigo. », mas mais uma vez não pude usufruir da tua doce melodia pela qual me apaixonara, não pude ouvir as palavras tão bem cantadas que me hipnotizavam, nem isso, nem os habituais sons que me irritavam, desta vez não ouvia o estilhaçar de algo, mas sim portas a bater, vezes e vezes sem conta, como se a maior das tempestades tivesse a acontecer na tua casa, aquela a que chamavas de nossa, « amor, por favor, fala. », mas tu, mais uma vez nada, deixavas-me somente na mais pura e cruel das indiferenças, a qual tu própria sabes que eu detestava, sempre gostei de ser o centro de tudo, a maldita vedeta do mundo do espectáculo, seja isso bom ou mau, mas desta vez foste tu a desligar, digo-te, foi algo que me irritou, mas sabes como sou, o meu orgulho fala sempre mais alto que a maior multidão do mundo fechada numa sala e como tal só pensei « enfim, mais uma chamada perdida. », estava cansado, era meia noite e cinquenta e três e a ultima coisa de que me lembro foi olhar para a tua foto e cair na suave cama, onde provavelmente me envolvi no maior dos sonos, onde provavelmente desejaria acordar e ver-te aqui, ao meu lado, mas não, em vez disso, vim um despertador e sabes que me dizia? Que estava atrasado, agora só me resta esperar que o teu orgulho não seja tão grande quanto o meu, só me resta mais uma chamada tua, e desta vez espero que não seja perdida por entre os oceanos de lágrimas a que me deixas sempre, nem isso nem a imensa ventania de confusões que assentavas na minha cabeça como se fosse um bloco de notas, mas pronto « até logo. », suspirei..

sábado, 14 de janeiro de 2012


CHAMADAS PERDIDAS
« Olá meu rei. », ouvi-te dizer seguido de um enorme silêncio que me preocupou, « está tudo bem ? », perguntei sem qualquer efeito, ouvia a tua respiração ofegante e repleta de uma insegurança que me deixava perplexo, completamente sem saber o que fazer, só me restava a imensa espera a que me propunhas, foi então que  ouvi algo a partir e perguntei « estás aí? está tudo bem? », e novamente não obtive tamanha resposta que me satisfizesse..Estava tão envolto na imensa confusão que me causavas, tão concentrado na tua respiração a cada segundo mais acelerada, tão rodeado de perguntas ás quais não tinha qualquer resposta que não dei pelo tempo passar, eram três e meia da manhã e tu nada dizias, « olha vou desligar. » disse sem receio, pois se tu não tinhas medo de ficar calada, eu também não haveria de ter só porque ia desligar. E assim foi, uma chamada desligada, uma chamada perdida. (…) Ecoa repetitivamente diante das quatro paredes vezes e vezes sem conta, agarro o telemóvel, pensando ser somente o estúpido do despertador numa tentativa irritante de me transmitir algo do tipo « acorda pá, já dormiste que chegue. » mas não, eram apenas seis da manha, e o despertador resumia-se a mais uma chamada perdida, e de quem? Tua. Não fui a tempo, « quero lá saber. », pensei. Melancolicamente, pairou a essência relativamente à indiferença, causando-me uma despreocupação desmedida...quando acordar logo lhe telefono, e virei-me, pronto a retomar o tão desejado sono, mas lá estava o barulho irritante, e eras tu novamente. « estou ? » e mais uma vez nada, bastava o silêncio preenchido pela tua respiração e de algo a estilhaçar-se no meio chão, « chega de ligar e não disseres nada. » e desliguei. Não te entendo, nem a ti, nem ás tuas chamadas, qual é a piada afinal?

sexta-feira, 13 de janeiro de 2012


E aqui estou eu de novo, a fazer coisas que disse que não faria. A ouvir músicas que prometi nunca mais ouvir, só porque tu também prometeste nunca mais voltar. De um jeito tão simples, espero que percebas esta mensagem... é que sabes, estou precisamente no sitio onde nos falámos pela primeira vez, sentado em frente a este miserável computador que me trás todas as tuas recordações, que ressoa a mais linda musica que alguma vez ouvi, quase tão perfeita quanto tu, aquela que definiste como sendo ‘a nossa musica’, aquela que nos acompanhou sempre, desde a primeira troca de olhares, ao primeiro toque dos nossos lábios tão gélidos de uma mentira á muito desejada. Desde o primeiro pedido de uma só palavra, ao silencio do maior sentimento do mundo. Desde a primeira promessa, ao desejo de a cumprir. É sobre a lua de uma sexta feira 13 que no meio dos azares peço a maior das relíquias, é ajoelhado que peço um sempre e de olhos fechados que peço um ‘sim’, é com a mais linda das frases que te peço ‘queres casar comigo?’.

terça-feira, 3 de janeiro de 2012


2012.
Boa noite, daqui fala o mais recente habitante de um jovem corpo, de um ser à pouco transformado. Venho agradecer toda a raiva a que me proporcionaste, toda a má fama a que me elevaste, melhor, sabes quando me rebaixaste? Então aí está a razão da minha felicidade, se pensavas que era isso que me ia fazer desaparecer, enganaste-te, agora, venho somente dizer o quão importante foste para conseguir elevar o vento ao mais alto nível, a ponto de conseguir rodar as paginas do livro de uma rapidez tamanha que já nem me lembro da história do passado. Voou por entre os rios salpicados da terrível saudade da verdade. Mergulhou na fria e gélida mentira, onde se acabou por afogar num imenso sufoco repleto do mais agonizante grito, que me ensurdeceu os ouvidos durante uns tempos. Mas espera, não faz sentido… agora que tu, tu, passado estúpido, tu que me encheste de lágrimas, agora que já não tens sequer ligação com o meu presente, porque insistes em voltar quando permaneces perdido na ilha do nada, rodeada de todos os teus medos e cobardias? Não tentes, nem sequer te vou acolher…fica aí, morre na imensa angustia, esfrega-te na espessa camada de ódio que me davas a provar, ah e espera, podes também provar o saboroso veneno que me davas com o nome de sumo…

« ano novo, vida nova. »