joão miguel ♛

domingo, 19 de agosto de 2012


Chamadas Perdidas #9
Sonhei, à imenso tempo que não o fazia mas aconteceu, é algo que não se consegue prever, simplesmente acontece quando lhe convém e por vezes chega a ocupar o resto do nosso dia ou até mesmo de uma vida, chega a marcar-nos de uma maneira que só quem sonha sabe do que estou a falar.
- Estavas tão linda, parecias uma autêntica princesa. – pensei.
Não, não podia ocupar mais um dia a pensar em ti, não podias fazer parte de mim por muito mais tempo. Não era o que o meu coração dizia, mas neste momento o cérebro gritava mais alto e o meu eu cansado de ti, rosnava cem vezes mais alto. Estava mais uma vez preso a ti enquanto me preparava para um grande fim de semana, estava repleto de planos com a minha melhor amiga. Querem que vos fale dela enquanto me arranjo? Eu falo. Chama-se Beatriz, é uma princesita, parecida comigo sabem? Sim, no que toca à personalidade, é meio rabugenta, ciumenta e desavergonhada, rimo-nos imenso juntos e ela sabe fazer-me feliz quando não estou, sabe apoiar-me quando preciso e ouvir-me quando mais ninguém está disposto a fazê-lo, é parva, estupida e maluca, é a melhor amiga do mundo e eu estou à espera dela, está atrasada para variar, mas eu também ainda não estou pronto. A casa está um autêntico caos e os meus pais já não os vejo à uns bons dias, andamos desencontrados para variar, mas nem tão pouco me interessa. (…) *TRIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIM*
- Até que enfim, já pensava que não vinhas. – suspirei
- Desculpa, sabes como sou e depois a minha mãe não ajuda em nada, aquilo lá por casa não está nos melhores dias, mas deixa. E entrarmos, não?
Estava estranha e eu já presumia porquê, andava em baixo à já uns bons dias pelas mesmas razões que atingem todo o bom coração de adolescente, amor. Entre o pior de nós, que venha o diabo e escolha. Segui-a até à sala, já estava sentada, trazia uma mochila razoavelmente grande.
- Mulheres. – pensei. – então que vamos fazer?
- Eu não sei, a casa é tua…
- Eu estou farto de aqui estar, vamos dar uma volta?
Não precisei de resposta, sabia que era o que ambos precisávamos e quando virei costas, ela já seguia todos os meus passos até a porta da rua. (…) A hora de almoço já passava à umas boas horas atrás, eram três e vinte cinco da tarde e nós passámos o tempo sentados no banco do parque a falar sobre todos os nossos problemas, conselho atrás de conselho, lágrimas e sorrisos, é tudo o que uma boa amizade pode ter de bom. (…) Voltávamos a casa quando senti o telemóvel vibrar, agarrei pensando ser a minha mãe a ver se eu ainda não tinha morrido, mas não, eras tu para variar.
- Estou?
- Tenho saudades. – ouvi.
- Tens saudades minhas e andas agarrada a outro ? desculpa mas não caiu nessa de novo. – mais rápido que um relâmpago, como uma rajada, eram sinónimos da minha resposta à tua.
- Não deixo de ter saudades. PI PI PI.
Para variar, eras orgulhosa demais para me deixares responder, não te podias magoar, mas podias deixar todo o mundo na ignorância.
- Quem era?
- Ah, tu sabes, deixa lá.
- Hum, estou a ver…
- Eu estou a ver é que hoje não fazemos mais nada, tenho sono, estou cansado, vamos dormir?
Eram cinco e quarenta e seis, pus chave a porta e estávamos tão cansados que nos enroscámos no sofá, tinha saudades, saudades de a ter por perto, de ter toda a sua atenção unicamente para mim, saudades destes dias de melhores amigos, saudades do que era somente nosso e que nunca ninguém destruiu. Era tudo o que conseguia pensar neste momento, ela dormia descansada e eu para lá caminhava.
- Sabes meu amor? Obrigado por tudo, obrigado por estares aqui. – sussurrei pensando ser o único acordado, mas ela esboçou um sorriso como resposta, e eu, eu fiquei na duvida de se não estaria a sonhar.

domingo, 12 de agosto de 2012



« Consegues Imaginar? »
Somos levados a crer que devemos sobreviver e não viver, por entre os difíceis dramas do amor e da distância, levamos meros corpos a combater contra a ironia da dificuldade que quase torna impossível a mera ação de poder amar outro alguém. Esperava um coração pronto a lutar contra o mundo ao meu lado. Estava pronto a baixar as cartas e a desistir de todo o tipo de plano a dois quando te vi, um corpo descontraidamente encostado à parede e um sorriso maior que o próprio mundo que esperava por mim. * Imaginem agora. * Um coração bate descompassado, o mundo à volta parou, os olhares foram trocados, dois corpos próximos e um único objetivo, amar. * Queres mais ? * Não existe respiração, os olhos fecham-se e os lábios sufocam todo o tipo de pensamento. Sinto-me amado já faz mais de um ano, sinto saudade e deixo-me levar na leve melodia dos teus doces beijos. * Que estou eu a fazer? * Somos um só mas os lábios já não se tocam, é o olhar que nos liga e a vontade de permanecer a teu lado, os teus dedos encaixam perfeitos nos meus e solta-se um arrepio, as horas passam e nós sem dar-mos conta, cresce a essência de saber amar e quando nada parece fazer sentido, nasce o medo de te perder. É no mar de desejo que ver-te correr para longe quando o nosso tempo acaba se torna doloroso e amar-te torna-se um vicio saudável. E como tudo na vida não se fica pelo bem, começo a afogar-me no mar da saudade em que aguardo correr ansiosamente para os teus braços. * sete de agosto de dois mil e doze, consegues imaginar o resto, ou queres mais? *