« Carta de Socorro. »
Sabes aquela vontade que
tens de ser livre? Eu tenho-a mais que tu, mais que um pequeno pássaro que está
a aprender a voar, mais que a vontade de tocar os teus lábios, mais que a
vontade de te olhar nos olhos e poder proferir tudo o que agora não passam das
cinzas de um intenso fogo, que queimou todo o tipo de sentimento que um
adolescente domina em meros segundos. Onde resta somente um sobrevivente, o orgulho.
Tão forte, tão genuíno, tão puro. Aquele que batalha comigo de punho erguido, o
único que ainda consegue vencer sem qualquer tipo de arma. Nele, vai-se desgastando
o meu coração e a vontade de sorrir, fica a vontade de viver e explode a
escuridão. A carta de suicidio vira agora carta de socorro e eu não sei onde me
agarrar. O papel suado lavado em lágrimas esborrata todo o tipo de agonia e as
palavras retratam toda a minha vida, uma tremenda confusão. As quatro paredes
sufocam-me e os gritos fazem-se ouvir, o vento canta suave e a lua chama por
mim, a caneta caí, instantaneamente as lágrimas secam e o chão foge-me os pés.
Sinto o vento a embalar-me e quanto mais perto dele, mais medo tenho. A lua
grita socorro e o chão já me aquece o corpo. Os olhos pesados perdem a luz e a
respiração torna-se nula. E tu, importas-te?