joão miguel ♛

domingo, 3 de março de 2013


Boa noite, pecado.
Relembro as cartas que escrevias para outra pessoa, a terceira do singular. Das quais, aparentavas não receber uma única resposta, lembras-te? Hoje, estás mais distante que nunca e temo que não voltes, a guerra está intensa e não te garanto que voltes como tens feito tantas outras vezes. Quero ser eu a responder-te a todas as cartas escritas em vão. Vamos deixar a cobardia de lado e verificar se as armas estão prontas para o que se segue. Tenho medo que a tua pessoa se perca com o tempo e orgulho em tudo o que deixas para trás. O sangue corre-me frio nas veias, frio como o ar gelado da rua onde me deixaste pela última vez, sentado e sem um último adeus. Não te irei perdoar, nem mesmo se fores derrotado por todos os outros que te rodeiam. Deixo-te, tal e qual, como tu me deixas-te, sozinho e abandonado, espero que consigas lutar sem mim, pois se outras tantas vezes escrevi que ia enfrentar o mundo contigo, agora te escrevo que o tens de fazer sozinho, e se assim o é, algo mudou. E como nós não mudamos, simplesmente crescemos, tenho a dizer, obrigado, fizeste-me crescer.
Adeus, com lágrimas, do teu rei. Guarda a coroa, já que é a única coisa que resta de nós.

1 comentário:

  1. "Adeus, com lágrimas, do teu rei. Guarda a coroa, já que é a única coisa que resta de nós"
    É mesmo tua a frase ou encontraste-a?
    Gostei imenso do teu texto :)

    ResponderEliminar